O ESQUADRÃO SUICIDA — 2 [FILME] (2021):
Força-Tarefa W.
Olha, se eu não disse, digo agora: Capitalismo é um sistema econômico para lá de safado. Ele fica fazendo piadas sobre ele mesmo, que têm um gosto de ameaças e de como ele se diverte imaginando o que vai fazer conosco.
Seu ódio, nesse sentido, só se compara a sua necessidade da classe trabalhadora.
Como ele não pode se livrar dos proletários, embora sonhe com isso, deixa bem claro que nunca deixou de acalentar essa meta.
Aqui nessa produção ele deixa bem claro isso.
Ao contrário das declarações de James Gunn, que queria fazer uma piada com o Coyote Wille da Looney Toone (o colocando na estampa da camiseta do Coronel Flag (Joel Kinnaman))mas não pode por causa dos direitos referentes ao personagem (besteira: houve um crossover entre os personagens da DC e os Looney Toones em 2017) há sim uma afinidade de direcionamento entre os personagens da Looney Toones (veja a resenha sobre Space Jam aqui no sombrionauta) e os da DC:
O CAPITALISMO SENDO CINICAMENTE HONESTO COM SEUS OBJETIVOS.
Primeiro: todos nós sabemos que a Warner Bros é dona da DC e da Looney Toones, logo eles têm uma mesma série de diretrizes em termos de abordagem. O que muda é a forma como esses temas são apresentados em cada catálogo de personagens. Assim enquanto a Looney Toones apresenta a realidade por meio da quebra da quarta parede, pelo uso da caricatura, pela falta de realidade corporal material de seus personagens, em Esquadrão Suicida apresenta-se a dialética oposta desse procedimento, ou seja:
A ULTRAVIOLÊNCIA VISA QUE NÃO PERCEBAMOS A REALIDADE CONCRETA APRESENTADA.
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Esse estilo de filmografia é a que é usado por vários cineastas, com seu grande expoente sendo Quentin Tarantino (1963): o horror da violência extrema é banalizado justamente porque os próprios personagens não parecem se dar conta dela.
Como a atuação dos personagens é que orienta nossa fruição, e por extensão nossa empatia, também nós ficamos alheios ao que nos é apresentado no filme, que vou resumir em três tópicos:
1. GOLPES MILITARES.
2. MASSACRE DE POPULAÇÕES CIVIS E MILITARES LATINO AMERICANAS POR MEIO DE ESQUADRÕES DA MORTE.
3. CONTROLE E APAGAMENTO DOS NEGROS BUROCRATAS.
4. SERVIDÃO DO FEMINISMO (TODOS) AO SISTEMA CAPITALISTA
5. LIBERDADE INEVITÁVEL PARA ABUSADORES, PESSOAS QUE PROFESSAM NARRATIVA DE ESTUPRO (SOBRE CRIANÇAS E MULHERES )O E ASSASSINOS DE CRIANÇAS SE ELES FOREM ÚTEIS AO IRMÃO-CAPITALISMO.
Sobre o primeiro tópico (1), isso está evidente na sinopse do filme: um golpe militar na ilha de “Corto Maltese” (leia-se “Cuba”, mas pode ser também “Panamá”, onde o filme foi rodado) põe em perigo os interesses estadunidenses então é enviado um Esquadrão da Morte estadunidense para eliminar os novos líderes dessa nação.
PORQUE É ISSO QUE O ESQUADRÃO SUICIDA, FORÇA-TAREFA X É NA VERDADE: UM ESQUADRÃO DA MORTE, DEDICADO A OPERAÇÕES NEGRAS EM VÁRIOS LOCAIS DO GLOBO, A MANDO DOS INTERESSES DOS E.UA.: A BLACK WATER (1997–2009) ATUALMENTE CONHECIDA COMO XE SERVICES (2009–2011) É SEU EQUIVALENTE ATUAL.
Aproveitando, “Corto Maltese” também pode ser lido como “Venezuela”, ou “Haiti”.
ENQUANTO ESCREVO, TALVEZ SE LEIA TAMBÉM “BRASIL”.
E o Esquadrão Suicida cumpre bem o seu objetivo (2): apesar de terem eventuais baixas em sua própria corporação eu nunca vi em um filme de super-heróis a morte de tantos guerrilheiros e gente das populações civis de origem negra (pretos e indígenas).
ALIÁS EU NUNCA VI UM FILME EM TODA A MINHA VIDA QUE TIVESSE A MORTE DE TANTOS LATINO-AMERICANOS TÃO EXPLICITAMENTE.
Liderados pelos dois sinistros burocratas negros Amanda Waller (Viola Davis) como sua líder executiva e Robert DuBois (desconfio que esse nome é inspirado em W.E.B Dubois (1868–1963)/ Sanguinário (Idris Elba) como líder de campo, somos apresentados de maneira caricata a uma atualização da Doutrina Monroe (1823-):
Aproveitando, leia-se “continente americano” como “o mundo inteiro”. Se houver dúvida disso, veja quantas vezes em menos de 1 ano a gestão Biden (2021–2025(?)) já bombardeou a Somália.
Assim temos poucas cenas com Waller, e Dubois é reduzido ao mais famoso estereótipo da cultura racista sobre homens negros nos Estados Unidos, o de um “Negro Mágico”.
Esse tipo de personagem aparece em vários filmes, desde Conduzindo Miss Daissy (1989) até mesmo no ótimo curta brasileiro Meu Amigo Nietzche (2012), sendo basicamente um homem negro dono de grande sabedoria e que serve para curar/ajudar/assessorar pessoas brancas ou pardas para conseguirem seus objetivos, mas nunca se explica muito bem de onde vem essa sabedoria ou porque eles fazem isso.
PARTICULARMENTE PERCEBO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS BRANCAS QUE TENHO CONTATO PESSOAL PENSA A MIM DESSE JEITO.
Seguindo.
Quadrinhos de Super-Heróis sempre foram panfletos políticos para os jovens, sobretudo do sexo masculino (alguém tem de lutar as guerras, meus jovens) e os filmes desse gênero parecem seguir a mesma lógica.
Então, aproveitando, o Irmão-Capitalismo aproveitou para deixar claro que venceu todos os feminismos (4) os tornando parte de seu catálogo de produtos:
Arlequina é uma psicopata que aprendeu a matar homens tóxicos e assassinos de crianças, mas apenas aqueles que podem ser ameaças ao status quo estadunidense.
O RESTO ELA CHAMA DE MILTON.
Aliás “Milton” parece uma referência ao poeta estadunidense John Milton (1608–1674) autor de pema “Paraíso Perdido” a obra literária em homenagem ao Diabo Católico que é tida como a obra literária fundadora dos E.U.A.
O filme inclusive ri das feministas ao mostrar o quanto foi ridículo a cena do massacre de policiais em AVES DE RAPINA: ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FABULOSA (2020).
Arlequina é uma vítima, mas é branca, tem nível universitário e estadunidense: não espere muita compaixão desse tipo de pessoas, na prática, por negros e pretos latinos.
Claro, sexo casual sim, depois uma bala no pescoço (hei irmã agora está aberto ao feminismo fazer o que só homens faziam na América Latina), pois só gostamos de tiranos aprovados pelo estado estadunidense (pergunte ao Noriega (1934–2017)).
SE VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE A ARLEQUINA (MARGOT ROBBIE) ESTÁ USANDO UM VESTIDO SEMELHANTE AO DA MADONNA (1958) NO CLIPE LA ISLA BONITA (1986(?), NÃO PEGA A PIADA DO CONSUMISMO EM CIMA DO FEMINISMO.
Assim Esquadrão Suicida, essa versão séria dos Looney Toones, deixa claro o que a democracia de John Biden (1942), pretende fazer com o mundo.
E o ponto 4?
EU EXPLICO, MAS VOCÊS VÃO TOMAR UM SPOILER…
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O diretor anti-Trump declarou que tudo era uma série de provocações sem nenhuma verdade objetiva, apenas brincadeiras.
SOFREU UM CANCELAMENTO, MAS COMO SE DIZ NO GÓRGONA PODCAST, ISSO NÃO FUNCIONA TÃO BEM ASSIM (PERGUNTE A KAROL KONKA (1986) QUE FAZ PARTE DA TRILHA SONORA DO FILME).
Gunn mostra que tudo isso é tolice e que a DC/Warner não dá a mínima para isso (como a própria história discutida por Alan Moore (1953) demonstra), logo ele dever ser o responsável pela reconstrução do universo Cinematográfico da DC.
PERDEU SNYDER.
A DC no cinema vai seguir o padrão de 1980, do pensamento da gestão presidencial Ronald Reagan (1981–1989), tornando padrão o que discuti no começo dessa resenha: ultraviolência que deixa caricata uma agenda política estadunidense, coisa que era criticada pela primeira versão do Esquadrão Suicida nas histórias em quadrinhos de John Ostrander (1949).
Veja o credito no final do filme, nos agradecimentos, a biblioteca que o filme cita.
Aliás Esquadrão Suicida é a força tarefa X da Warner, um bando de gente que cometeu crimes, ou que não teve chance no cinema, mas é talentosa.
A piada particular do diretor sobre isso se mostra em um dos personagens, Doninha, que matou 27 crianças esquartejadas: isso passa batido no filme.
Em seu final, nas cenas pós-crédito ele levanta e uiva, livre para continuar a massacrar inocentes.
ASSIM COMO JAMES GUNN ESTÁ LIVRE PARA CONTINUAR FAZENDO AS PIADAS QUE FEZ EM 2008–2011 SÓ QUE AGORA NUM BLOCK-BUSTER.
Finalmente: Curioso Como O Irmão-Capitalismo Tende A Absorver Seus Inimigos, parece Starro.
